23 de abr. de 2009

Dia Nacional do Choro e o Época de Ouro.



Ontem fui assistir a uma apresentação do fabuloso Grupo Época de Ouro aqui no Teatro Municipal de Macaé. O luxuoso convidado faz parte das comemorações do Dia Nacional do Choro e do Festival do Choro em homenagem a Benedito Lacerda, nascido aqui em Macaé .

O meeting da apresentação do Grupo com o jornalista Sérgio Cabral contando histórias da epoca de ouro, passando por Jacob, Benedito, Pixinguinha não poderia ter sido melhor. Ruim mesmo, foi uma tempestade que alagou ( como sempre) a cidade e eu creio que por isso levou um público timido de mais ou menos 150 pessoas ao evento.

destaque para a apresentação de Jorginho do Pandeiro, que é um caso parte na formação do grupo. No alto dos seus 79 anos, o Sr. Jorge Jose da Silva esbanja a vitalidade, a improvisação, a leveza e a resistência que marca a linguagem do choro.

O Época de Ouro, fundado por Jacob do Bandolim em 1964 mantem desde então a sua formação instrumental: violão, violão de sete cordas, bandolim, cavaquinho e pandeiro. O único membro da formação original e Jorginho do Pandeiro ( diversas informações sobre o grupo em sites na rede estão bastante desatualizadas).

Falar do Época de Ouro no Dia Nacional do Choro é uma boa associação. No inicio da decada de 60 a Bossa Nova reinava absoluta no cenário musical nacional e esmagava o samba e o choro. Jacob do Bandolim e o Epoca de Ouro conseguiram manter a linguagem do choro, nas reuniões, nos quintais, nas rodas e no boca a boca, voltando a uma marginalidade concentida, contrapondo-se a falta de interesse das gravadoras que buscavam o lucro e preferiam vender o produto da moda, a Bossa Nova. Esse movimento de resistência vem somar há outros tantos que o choro teve que enfrentar, basta lembrarmos de Chiquinha Gonzaga, Callado e de todos os outros percalços como censura, perseguição, alem da óbvia dificuldade que é aprender e executar o choro, seletos são aqueles que o fazem.

Para sobreviver e coexistir o choro se renova e encontra os meios e isso se dá justamente pelo fato da linguagem ser um desafio, além de ter conseguido alcançar um publico mais jovem e ávido para estuda-lo aqui e em outros países como: Portugal, França, Italia, Alemanha e Japão que mantem Clubes de Choro com uma legião substancial de participantes e admiradores.

No Brasil, o Clube do Choro de Brasilia, do Espirito Santo, de Curitiba, a Escola Portátil de Musica, a Lapa no Rio, o Ó do Borogodó e a feira do Calixto em São Paulo são entre muitos outros, nichos que abarcam os melhores nomes, as melhores renovações e a certeza da continuidade dessa musica genuinamente brasileira.

Obrigado então ao Época de Ouro e a todos os nomes, grupos e espaços que mantiveram a trilha aberta. Viva o choro.

Pra atualizar, o Época de Ouro tem na sua formação: Ronaldo Souza que substituiu Deo Rian que por sua vez substituiu Jacob após a sua morte em 1969, Andre Bellieni (violão), Toni Azeredo(violão de sete), Jorge Filho (cavaquinho, filho do Jorginho do Pandeiro), e Jorginho. Já teve além de Jacob e Deo Rian, Dino, Jonas da Silva, Dininho, Cezar Faria, Carlos Leite e Gilberto D´avila.

Saudações musicais.